terça-feira, 3 de agosto de 2010

Curso de iniciação LOGOSÓFICA - Carlos Bernardo González Pecotche (raumsol)

REFLEXÕES QUE CONVIDAM À REVISÃO DE CERTOS CONCEITOS

CRER E SABER

Vamos examinar o conceito relativo ao vocábulo “crença”, por ser um dos que mais entorpeceram o curso evolutivo do homem. Com efeito, ao lhe ser inculcado que basta crer para deixar satisfeita qualquer pergunta ou inquietude interna, foi ele levado a admitir, sem uma prévia análise, sem
reflexão alguma, até as coisas mais inverossímeis. Essa atitude passiva da inteligência foi a que submergiu o indivíduo numa desorientação extremamente lamentável. O caos moral e espiritual em que a humanidade se encontra é por si mesmo muito eloqüente, e não é necessário argumento probatório algum para compreender a magnitude do desacerto no manejo de sua evolução.

A Logosofia instituiu, como princípio, que a palavra“crer” deve ser substituída pela palavra
“saber”, porque é sabendo – e não crendo – que o homem consegue ser verdadeiramente consciente do governo de sua vida, quer dizer, daquilo que pensa e faz. Por outra parte, o fato de crer – bem o sabemos – produz certo grau de inibição mental que entorpece e até anula a função de raciocinar.É assim que o homem fica exposto ao engano e à má-fé daqueles que tiram partido dessa situação.

A crença pode assenhorear-se da ignorância, porém é inadmissível em toda pessoa inteligente
que anele sinceramente o conhecimento da verdade. As pessoas de curtos alcances mentais são propensas à credulidade, porque ninguém as ilustrou devidamente sobre os benefícios que o fato de pensar – e sobretudo de saber – representa para suas vidas. Lamentavelmente, é forçoso reconhecer que uma grande parte da humanidade se acha nessas condições e padece a mesma propensão. Daí que, desde tempos remotos, sua candidez tenha sido explorada, mantendo-se ela no
mais lamentável obscurantismo.

Ninguém poderia sustentar jamais, sob pena de ser tido como um desequilibrado, que seja preciso
privar o homem de conhecimentos para que ele seja feliz. Sem saber exatamente o que a vida e seu
destino lhe exigem saber, como poderá cumprir sua missão de ser racional e livre? Como poderá satisfazer os anseios angustiosos de seu espírito, se é privado da única possibilidade de atendê-los, ou seja, das fontes do saber?

A única concessão possível ao ato de crer, sem que se invalide em nada o exposto, é a que surge
espontaneamente como antecipação do saber; noutras palavras, só se deverá admitir aquilo de que ainda não se tem conhecimento, mas durante o tempo mínimo requerido por sua verificação através da própria razão e sensibilidade.

PRECONCEITOS

É de suma importância prevenir a quem resolva internar-se em nossos estudos, levado por suas
inquietudes e espontâneo impulso, que uma das mais obstinadas dificuldades que retardam a plena compreensão dos ensinamentos de Logosofia é ocasionada pelos preconceitos. De fato, que faculdade da inteligência pode cumprir sua função nitidamente seletiva e analítica, se está travada por um ou mais preconceitos? Ninguém poderia dar uma resposta afirmativa, porquanto há provas em abundância que prontamente a invalidariam.O preconceituoso sofre uma espécie de feitiço, que costuma durar por toda a sua vida. Aterroriza-o o simples fato de pensar que se poderia contradizer o que lhe foi inculcado, ou o que ele em sua ingenuidade admitiu.

O certo é que, com essas pessoas, a Logosofia deve realizar um dinâmico e profundo trabalho
depurativo, para extirpar os preconceitos enquistados em suas mentes. É, pode-se assim dizer, algo como uma operação cirúrgica de natureza psicológica, que precisa ser praticada para livrar o paciente normal desse gênero de perturbações que tanto costumam afetar o curso de sua vida.

Se não tivéssemos em mãos o testemunho de centenas de casos*, não falaríamos com a convicção e
a segurança com que o fazemos. Temos visto muitos seres, livres já de seus preconceitos, desfrutar as delícias de um bem-estar que jamais haviam tido, e temos escutado suas confissões sobre o muito que os angustiava a opressão de uma deficiência tão paralisante.

N.T.: Dado de 1963. Hoje, os estudiosos da Logosofia contam-se aos milhares no mundo.

Quanto luta o homem por sua liberdade! E pensar que por dentro é tão escravo...

O curioso é que muitos preconceitos provêm de fontes duvidosas, na maioria das vezes por ter o
homem “acreditado” em meras suposições. Acreditou de boa-fé, sem pensar que, em certos casos, sua própria imaginação o enganava, e em outros, a imaginação dos demais. Daí a origem de muitos preconceitos.

Entretanto – eis aqui algo paradoxal –, quem suporta o engano é também o mais desconfiado, quando aos olhos de seu entendimento e de sua razão se faz aproximar a verdade mesma, para que a examine, a estude e exercite sobre ela seu critério. Felizmente para ele, nossa ciência constitui a panacéia ideal do desconfiado, já que num de seus princípios ela declara que ninguém
deve aceitar cegamente o novo, a não ser depois de haver comprovado que é melhor do que aquilo que se tem. A comprovação prévia de uma verdade é, pois, lei no processo de evolução consciente.

Sem nos estendermos sobre o particular, mencionaremos de passagem os preconceitos religiosos e os de caráter intelectual, que são os que mais endurecem a mente e o coração das pessoas por
eles dominadas. A Logosofia, não obstante, tem conseguido desarraigar por completo, em muitos casos, esse mal psicológico que tanto prejudica o indivíduo, sem que disso ele se aperceba.

Pode-se ver, através do exposto, que é imperiosamente necessário despojar-se de preconceitos,
porque eles perturbam o bom funcionamento das faculdades da inteligência e dificultam, como já
especificamos, o desenvolvimento normal das aptidões superiores. Um saneamento de preconceitos é, pois, indispensável para todo ser humano que queira encarar com êxito o processo de evolução consciente; disso depende, em muito, poder ele desfrutar, desde o começo, as prerrogativas que o saber logosófico lhe oferece.

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