terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Características Peculiares da Espécie Humana - A pele humana (sistema de difusão de calor)


Com a aquisição da postura ereta e do bipedalismo há aproximadamente quatro ou cinco milhões de anos atrás permitiu aos hominídeos sobreviverem e ampliar sua área de distribuição, ao mesmo tempo que ocorria o processo de desertificação onde as vastas florestas foram sendo substituídas por campos abertos (Savanas). Estas drásticas mudanças climáticas atuaram como uma forte pressão seletiva. Portanto os indivíduos com características favoráveis a ocupação de tais campos abertos deixaram mais descendentes e assim a postura ereta e o bipedalismo foram selecionados favoravelmente.

Mas será que esta mudança era eficiente inicialmente?

Dependendo do tipo de análise pois o andar ereto não é biologicamente muito eficiente, já que necessita maior gasto de energia em relação as outras formas de locomoção exibidas pelos mamíferos. Mas andar ereto gera muito calor químico resultante do esforço muscular. Então, o bipedalismo deve ser considerado uma mudança revolucionária pois livrou as mãos para outras tarefas, e provou ser uma tremenda vantagem evolutiva. Além de correr rapidamente pequenas distâncias, podemos manter uma velocidade moderada de marcha ou corrida durante um tempo surpreendente (longas distâncias). Macacos, em contraste, simplesmente não são capazes de tal esforço estendido. Eles cansam depressa e aquecem demais facilmente.

Como que os humanos possuem tal resistência? se até mesmo jovens chimpanzés, que são mais fortes que os humanos, não podem sustentar esforço físico por períodos longos, como nós podemos. Uma parcela das causas dessa diferença na resistência é devido a constituição da nossa pele. Analisando a pele microscopicamente vemos que temos o mesmo número de folículos pilosos por polegada como pele de chimpanzé, porém nossos pelos são pouco desenvolvidos. Temos cerca de dez vezes mais glândulas sudoríparas que os macacos. A combinação de níveis altos de transpiração e pele desnuda faz desse tecido humano um dispositivo refrescante eficiente que dissipa o calor químico produzido através de esforço.

Esta aquisição evolutiva foi muito importante pois permitiu esforço físico contínuo e ainda facilitou o controle da temperatura já que nossos cérebros grandes exigem temperaturas controladas para funcionar. Sem uma pele eficiente funcionando como um radiador, nossos cérebros aqueceriam depressa demais durante esforço físico com potencialmente conseqüências fatais.

O clima quente de África onde nossos antepassados evoluíram, deveria ter sido um fator seletivo importante para o reforço dessas características.

Uma pele relativamente calva com muitas glândulas de suor faria difusão de calor da energia química gerada por esforço físico eficientemente permitindo que nossos antepassados correr mais rapidamente e durante maior tempo sem danificar os cérebros. Alguns pesquisadores sugeriram que o perigo devido ao aquecimento do cérebro, neste ambiente, tenha sido o fator que levou a linhagem humana a aumentar o tamanho do cérebro. Ou seja, a vantagem inicial de ter cérebros maiores não era ligada a maior inteligência, como nós acreditamos por muito tempo, mas sim, em relação a possuir " circuitos " redundantes para nos proteger de golpe de calor.

Cérebros maiores, nesta visão, criaram a oportunidade para inteligência, mas isso era só um subproduto da vantagem inicial de defesa ao perigo de superaquecimento. Se houve redução de pelos na pele visando a difusão de calor do corpo debaixo de um sol equatorial, seria também favorecido a proteção d a própria pele com o aumento da melanina (pigmento escuro da pele humana que forma uma barreira para raios ultravioleta).

Porém esta aquisição (pele desnuda, com grande quantidade de glândulas sudoríparas e pigmentada) por outro lado impediu a expansão dessas populações para ambientes mais frios, até o desenvolvimento de fogo.

A habilidade para sobreviver em locais moderadamente elevados ou afastados do equador devido as mudanças abruptas de temperatura durante as noite teria sido um problema para humanos. De fato, parece razoável supor que a necessidade de calor à noite pode ter dirigido a descoberta do uso do fogo como fonte de calor e sua utilização para cozinhar pode ter sido uma invenção posterior.

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