terça-feira, 20 de abril de 2010
Quanto Vale ou é por Quilo?
gênero:Drama
duração:01 hs 44 min
ano de lançamento:2005
site oficial:http://www.quantovaleoueporquilo.com.br
estúdio:Agravo Produções Cinematográficas S/C Ltda.
distribuidora:Riofilme
roteiro:Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto, baseado no conto "Pai Contra Mãe", de Machado de Assis
produção:Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
música:
fotografia:Marcelo Copanni
direção de arte:Renata Tessari
figurino:Carol Lee, David Parizotti e Marisa Guimarães
edição:Paulo Sacramento
efeitos especiais:
Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.
Atores:
Ana Carbatti, Cláudia Mello, Myriam Pires, Leona Cavalli, Umberto Magnani, Herson Capri, Odelair Rodrigues, Caco Ciocler, Ariclê Peres, Noemi Marinho, Caio Blat, José Rubens Chachá, Antônio Abujamra, Zezé Motta, Ênio Gonçalves, Leonardo Medeiros, Calara Carvalho, Joana Fomm, Marcélia Cartaxo, Lena Roque, Ana Lúcia Torre, Sílvio Guindane, Lázaro Ramos
Mílton Gonçalves (locução)
Valéria Grillo (locução)
Jorge Helal (locução)
Comentários:
SERGIO LUIZ DOS SANTOS PRIOR - 04/01/2005
O diretor paranaense Sergio Luis Bianchi volta a empunhar artilharia pesada contra as instituições brasileiras que ao invés de diminuirem o hiato entre as camadas mais favorecidas e as menos favorecidas economicamente, acabam por amplificar a miséria. ONGs, políticos corruptos, pilantras de toda espécie, enfim, ninguém escapa dos tiros da metralhadora giratória sob o comando de Bianchi. De acordo com os dados da arrecadação das aproximadas 20.000 organizações não governamentais, num prazo de dois anos todos os moradores de rua poderiam receber um apartamento. A crítica corrosiva do diretor atinge as ONGs, que são caracterizadas como uma sub-espécie de serviço público, repletas de mamatas, ou seja, os mesmos vícios que o estado brasileiro carrega no seu ventre desde o início da colonização. A analogia entre a sociedade escravocrata do século XVIII e os tempos atuais é o recurso que Bianchi utiliza para evidenciar que nada mudou em termos sociais na história brasileira. A polarização entre os exploradores e explorados não se modificou no transcurso dos últimos cinco séculos. O filme é uma mistura de documentário com ficção, que faz uso de um humor negro, que, por sinal, não poupa o politicamente correto relacionado aos pobres e negros (a cena em que as crianças são escolhidas para um comercial de uma ONG, cujo percentual de 75% de meninos negros é exigida pelo diretor dessa organização). Não pensem que é uma visão leninista-trotskista. Até mesmo o pessoal da esquerda leva chumbo, fato que corrobora com o que vem acontecendo no seio de nosso poder legislativo, em Brasília. O trabalho de atores é o que menos importa. Portanto, os atores Herson Capri, Caco Ciocler, Myriam Pires, Lázaro Ramos, Joana Fomm e toda a molecada que aparece são meros coadjuvantes diante do roteiro que dinamita a hipocrisia institucionalizada em nosso país. E tudo com muito humor.
Aidaa - 05/01/2005
Convite para o filme do Bianchi " Quanto vale ou é por quilo?" Qual tarifa queremos pagar, para estarmos vivos e com projetos? Provocando a todos, e aos mais diretamente interessados - os brasileiros, Bianchi reuni esforços e "escreve com luz " ( foto-grafia) com dor e o "in-suportável" (aquilo que falta suporte), perguntas sobre a ultima industria do capitalismo - a da miséria, onde cultuamos os vícios dantescos da violência. Deixar de ver o filme e esse convite para vermos a realidade, já nos aponta para uma posição tomada, é uma forma canhestra de continuar a afirmar o que vai contra nossa integridade . É insistir na cantiga infindável onde fica boiando a interrogação de:- porque continuamos a afirmar a estrutura da escravidão, e as suas estúpidas opções de laços sociais? e ainda mais porque inserimos aperfeiçoamentos macabros que vem da exacerbação do individualismo, que faz crer que somos senhores de tudo e de nos mesmo tomando porções mágicas ( salvem Asterix, o gaulês!) prescindindo dos laços com o outro. Temos uma divida, com esse insano diretor que insiste no seu direito de artista, de atar uma luz em nosso olhos, para deduzirmos os fatos,quem quer permanecer sem ver, pode marcar uma consulta num oftalmologista, mas ainda vai ficar com a fraude e os despojos que nutrem essa exploração moderna feita para garantir a pilhagem e a lei da exploração. Talvez um colírio possa dar um descanso aos nossos olhos que tanto choram ou que mesmo já deixaram de chorar, brincado de que estamos salvos do estupor e do lamentável dia de amanhã, que esconde a possibilidade estatística de fazermos parte da imensa maioria de ultrajados. Mas, por outro lado, pensarmos sobre as leis que "desavisada- mente" confirmamos, como propõe Bianchi, possa conectar aqueles que querem agir e que sozinhos são indefesos. Recrutar esforços, elaborar novos laços , onde a diferença interrompe a confirmação ingênua do monologo de falar consigo mesmo, e assim gesta formas menos cansadas de vida, inclusive a econômica. Provocativo? Transgressivo? Sim, artista brasileiro que curvado à miséria mantém a opção artística de dizer que deslumbrados por promessas vãs do capitalismo, submergimos às leis da ética do inconsciente, transcritas por Freud - a transgressão, em nome do imperdível da aventura humana. Qual o código humano mais revolucionário a ser decifrado? Certamente, deixou de ser o genoma, como foi no auge da fantasia de controle, que parecia iminente. Quais são os códigos para expropriar os efeitos da ilusão e conhecer o valor da transgressão e o quanto nos traímos em nome dela. Transgredir, sim! Como Bianchi e sua turma, para buscar autoria, por isso o primo irmão do artista, o psicanalista, insiste: você é senhor do que? Da fantasia de domínio? Só os artistas autênticos conseguem o domínio e ainda que evanescente, os demais mortais conseguem uma autoria, daí no discursos burguês existir essa baboseira de todos sermos artistas, descorados, rompendo com o compromisso de honrarmos as diferenças Por isso confirmo que ao atender a esse convite de ver o filme, para pensar nessa errância, que nos submetemos ( in) voluntariamente, ao elegermos salvadores e nos desrresponsabilizarmos de nosso atos e suas conseqüências, nos convoca à dignidade e digno é uma palavra que nos remete à escolha, pelo menos dentro dos dicionários!
direção: Sérgio Bianchi
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