terça-feira, 6 de abril de 2010

Escritores da Liberdade - Freedom Writers / 2007

... Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!... Martin Luther King – fragmento do memorável discurso "I Have a Dream", de 28/08/1963.

Todos somos atores de nossa vida, mas nem sempre podemos ter sua autoria. O pensar [e o escrever] favorece a autoria da existência. Dulce Critelli, 2006.

Há muitos filmes americanos sobre escola, mas não como "Escritores da Liberdade". (Freedom Writers, EUA, 2007). Porque é o único filme dessa categoria que incentiva os alunos a lerem literatura, ponto de partida para testar a vocação de cada um para escrever dede um diário sobre o cotidiano trágico de suas vidas até uma poesia hip hop ou um livro de ficção. O valor desse filme também está na ousadia da linguagem cinematográfica mostrando os problemas psico-sócio-culturais que atingem a escola contemporânea; também porque ele dá visibilidade à diversidade dos grupos, com seu rígido código de honra, cada um no seu território, o narcisismo da recusa e da intolerância para com “os outros”, o boicote às aulas, a prontidão para aumentar os índices de violência entre os jovens e transformar a escola no seu avesso, isto é, uma comunidade bem próxima da barbárie, o que de fato vai acontecer em 1992, em Los Angeles, EUA.

O filme é baseado na história real de Erin (interpretada por Hilary Swank[1]), uma professora novata interessada em lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de adolescentes resistentes ao ensino convencional; alguns estão ali cumprindo pena judicial, e todos são reféns das gangues avessas ao convívio pacífico com os diferentes.

Como em outros filmes sobre turmas problemáticas, a professora Erin toma sua tarefa como um grande desafio: educar e civilizar aquela turma esquizofrênizada e estigmatizada como “os sem-futuro” pelos demais professores. Percebe que seu trabalho deve ir para além da sala de aula, por exemplo, visitando o museu do holocausto, possibilitando aos jovens saber os efeitos traumáticos da ideologia da “grande gangue” nazista, que provocou a 2ª. Guerra Mundial e o holocausto, e também reconhecer as semelhanças com suas “pequenas gangues” da escola. Nota: a palavra “holocausto”[2], referida no filme, é usada mais pelos judeus. E, “genocídio”[3] é o termo cunhado pelo Direito Internacional do pós Guerra. Ambas significam o ato racional de eliminação de seres humanos em escala inimaginável (conferir nota de rodapé).

O método da jovem professora consistiu em entregar para cada aluno um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares e sociais. Também, instigou-os a ler livros como "O Diário de Anne Frank" com o propósito de despertar alguma identificação e empatia, ainda que os personagens vivam em épocas diferentes; a partir de eventuais encontros imaginários cada aluno poderia desenvolver uma atitude especial de tolerância para com o “outro”. Na vida real, os diários foram reunidos em um livro publicado nos Estados Unidos, em 1999, e terminaram inspirando o diretor Richard LaGravenese para fazer esse filme.

Formada em Direito, Erin se torna professora, desagradando seu pai e marido. No início, ela demonstra ingenuidade, timidez, curiosidade e determinação; sua vocação para o magistério vai se construindo conforme os desafios que ela encontra entre os alunos e ao lidar com a burocracia e o conservadorismo dos funcionários do sistema pedagógico da escola. Os judeus nova-iorquinos diriam que o diferencial de Erin é ela ter “chutzpah”: ousadia, garra, determinação, toma iniciativa, ir-à-luta. Os diversos obstáculos próprios de qualquer sistema escolar faz com que ela se sinta desafiada a fazer algo-mais.

Seu estilo não é teatral, tal como os professores protagonistas dos filmes “O triunfo”, “Sociedade dos poetas mortos”, “Escola da vida”. Também não é autoritária como “Meu mestre, minha vida”, e nem experimentalista como é o professor Ross, do filme “A onda”. Seu estilo pedagógico está para o ensaísmo apaixonado, romântico, humanista, mas sem perder de vista a racionalidade do propósito educativo. Primeiro, ela tenta “dar aula” segundo manda o modelo tradicional, que não funciona com alunos indiferentes ao propósito da escola eminentemente ensinante. Uma aluna questiona pra que serve aprender tal conteúdo abstrato considerado inútil para melhorar sua vida real; outro dirá que o fato de ela ser professora “branca” não é suficiente para ele respeitá-la. Cabe à professora ter argumentos consistentes que respondam essas questões imprescindíveis na escola contemporânea. No segundo momento, Erin faz o reconhecimento dos grupos de iguais (narcísicos), e, obviamente sente empatia com os excluídos. Terceiro, devolve aos alunos esse reconhecimento com um pensamento crítico, fazendo-os reconhecer, sentir e pensar sobre a realidade criada por eles próprios. Quarto, não os aceita na condição de vítimas reativas, e cobra-lhes responsabilidade por suas escolhas e seus atos de exclusão para com os diferentes. Ou seja, sua ação pedagógica é inovadora porque desperta a motivação dos alunos para expressar seus sentimentos, ler, pensar, escrever, e mudar a partir do reconhecimento como sujeito-de-sua-história.

Na concepção de Hannah Arendt, duas causas podem ter relação profunda com a crise da educação em nossa época: a incapacidade de a escola levar os alunos para pensar e a perda da autoridade dos pais e professores. Ambas fazem com que as crianças e adolescentes fiquem sujeitos à tirania de uma maioria qualquer (grupo social, tribos, gangs) e de um líder carismático ou populista. Portanto, o ato educativo de Erin é ao mesmo tempo político e ético, porque visa transformar alunos “não-pensantes”, “incivilizados”, “não-humanizados”, em seres humanos que podem exercitar o pensamento crítico sobre a realidade e seus atos; suas propostas de dinâmicas com os grupos leva-os a rememorar situações e rever suas posições na história de cada um, podendo até criar em cada aluno uma nova ética que melhor orienta seus gestos e palavras para evitar magoar o seu próximo. As dinâmicas e debates em sala de aula desmarcaram o recorrente discurso vitimista desses grupos, que tendem ao comodismo da sua desgraça, e ao mesmo tempo projeta no outro a responsabilidade pela sua própria irresponsabilidade ou fracasso como sujeito-cidadão no meio social. É preciso que cada qual se responsabilize e se comprometa “fazer sua parte”, ou como diz a velhinha que abrigou Anne Frank: “fazer a coisa certa” ou ética, como uma pessoa comum, anônima, e representante do que é ser civilizado.

Uma educação que não exercita o ato de pensar, com todos os seus riscos, além da própria ausência de pensamento, tem como efeito o não comprometimento, o não tomar decisões, ou não se responsabilizar por elas. “A tarefa fundamental do pensar é descongelar as definições que vão sendo produzidas, inclusive pelo conhecimento e pela compreensão e que vão sendo cristalizados na história. A tarefa do pensar é abrir o que os conceitos sintetizam, é permitir que aquilo que ficou preso nos limites da sua própria definição seja liberado. É livrar o sentido e o significado dos acontecimentos e das coisas da camisa-de-força dos conceitos” (CRITELLI, 2006, p. 80).

É preciso, portanto, criar dispositivos – como ler, escrever, falar elaborado – que “operem como obstáculo para que aqueles que não se decidiram a ser maus não cometam maldades” (CORREIA, A. 2006, p. 50). Conforme diz Arendt: “os maiores malfeitores são aqueles que não se lembram porque nunca pensaram na questão, e, sem lembrança, nada consegue detê-los [...]. O maior mal não é radical, mas possui raízes, e, por não ter raízes, não tem limitações, pode chegar a extremos impensáveis e dominar o mundo todo”, como foi a trágica experiência dos regimes totalitários, o nazi-fascismo e o stalinismo.

Para alguns, é insuficiente o(a) professor(a) apenas “fazer sua parte”, visto existir um mundo para além dos limites de sua sala de aula. Mas, a lição da professora do filme está em “fazer-bem-sua-parte” exatamente no ponto nevrálgico e temporal que é a educação: ser um ato civilizatório entre o passado e o futuro. Diz ela: “A tarefa da educação é justamente a de apresentar o mundo às gerações do presente, tentando fazê-las conscientes de que comparecem a um mundo que é o lar comum de múltiplas gerações humanas. Ao conscientizá-los do mundo a que vieram, estas deverão compreender a importância de sua relação e ligação com as outras gerações, passadas e vindouras. Tal relação se dará, primeiro, no sentido de preservar o tesouro das gerações passadas, isto é, no sentido de a geração do presente tomar o cuidado de trazer a esse mundo sua novidade sem que isso implique a alteração, até o irreconhecimento, do próprio mundo, da construção coletiva do passado” (apud FRANCISCO, 2006, p.35).

Tal posicionamento pedagógico-político-ético da função docente deve ser marcado pela sua autoridade, sensibilidade, e senso de inovação, que ao ser testado na realidade cotidiana da escola costuma pagar um preço em forma de resistências, incompreensões e críticas maldosas. Assim posicionado nesse tripé é que o docente pode tanto se defender dos ataques de fora como resistir às frustrações advindas do seu próprio trabalho. Também, a partir desse estilo ela pode melhor se preparar para evitar cair no criticismo raso dirigido ao sistema, como forma única de luta; ou seja, a experiência tem demonstrado que muitos na escola e na universidade usam de verbosidade sem ação, não se comprometem de corpo e alma testando táticas inovadas de lutas (no sentido da esquerda política) visando melhorar a qualidade do ensino; outros ficam esperando que o governo ou dono de escola tomem iniciativas, ou autorizem (o)a professor(a) fazer algo inovador no seu trabalho docente no sentido de reverter o baixo rendimento dos alunos, por exemplo.

Que cada professor(a) faça diferença no seu ato de ensinar. O ensino regular visa levar os alunos aprenderem os conteúdos programados pelos currículos. Contudo, não se pode ensinar sem incluir também uma mudança educativa. Um ensino sem educação para o pensar é vazio de sentido prático e existencial. Uma educação sem aprendizagem dos conteúdos também é vazia e tende a degenerar em retórica moral e emocional. Ensinar e educar implicam em responsabilidades: pedagógica, política e moral, dentro e fora da escola; implica, ainda, na responsabilidade do coletivo[4] do professorado de civilizar a nova geração que irá povoar o mundo.

No dizer de Arendt (1989) “A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para expulsá-las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum”.

Nós, professores e professoras, devemos assistir ao filme “Escritores da Liberdade” por várias razões: para que possamos inovar o ato de ensinar adequado à realidade cultural dos alunos; para que, além de ensinar, também possamos adotar uma atitude de pesquisa-ação com os grupos que se formam em sala de aula e na escola, quase sempre atraídos pela semelhança formando grupos narcísicos, cujo sintoma visível é a intolerância para com os demais; para que aprendamos a acolher e contextualizar as situações de vida dos alunos com as de outras vidas relatadas pela história da humanidade – que, através de um diário ou redação qualquer eles aprendam a significar suas histórias com outras histórias; para que os professores do nosso Brasil se empenhem mais-e-mais em ler literatura, porque só podemos cobrar dos alunos esse hábito se nós também nos habituamos a ler, isto é, se ler e compreender[5] já fazem parte de nossa virtude pessoal. (aquele que lê e compreende tem maior probabilidade de escrever suas próprias narrativas); para que os professores façam autocrítica sobre o quantum de paixão (ou libido) têm pelo trabalho com os alunos não deve necessariamente implicar a sua desatenção (ou desapaixonamento) para com os seus próximos: marido, esposa, filhos, etc.

Bom filme pra todos!

Filme: Escritores da liberdade (Original: Freedom Writers) País: EUA/Alemanha - Gênero: drama. Classificação: 14 anos. Duração: 123 min. Ano: 2007. Direção: Richard LaGravenese . Produção: Danny DeVito, Michael Shamberg, Stacey Sher. Elenco: Hilary Swank, Patrick Dempsey, Scott Glenn, Imelda Staunton, April Lee Hernandez, Mario, Kristin Herrera, Jacklyn Ngan, Sergio Montalvo, Jason Finn, Deance Wyatt, Vanetta Smith, Gabriel Chavarria, Hunter Parrish, Antonio Garcia.

Sinopse: Hilary Swank é uma professora novata que tenta inspirar seus alunos problemáticos a aprender algo mais sobre tolerância, valorizar a si mesmos, investir em seus sonhos e dar continuidade a seus estudos além da escola básica. Também ela é ousada ao enfrentar os grupos formadores de gangs em sala de aula, levando-os a pensar sobre a formação e ideologia dos próprios.

Referências

ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989.

ARENDT, Hanna. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 238-9.

CORREIA, Adriano. O pensamento pode evitar o mal? In: Rev. Educação: Hannah Arendt pensa a educação. São Paulo: Segmento, n.4, 2006, p.46-55.

CRITELLI, Dulce. O ofício de pensar. In: Rev. Educação: Hannah Arendt pensa a educação. São Paulo: Segmento, n.4, 2006, p.74-83.

FRANCISCO, Maria de Fátima S. Preservar e renovar o mundo. In: Rev. Educação: Hannah Arendt pensa a educação. São Paulo: Segmento, n.4, 2006, p. 26-35.

REBELLO DE SOUZA, Denise Trento. Formação continuada dos professores e fracasso escolar: problematizando o argumento da incompetência. In: rev. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n3, p.477-492, set./dez.2006.

[1] A novata atriz Hilary Swank é merecedora de dois prêmios Oscar pelos filmes: “Menina de ouro” e “Meninos não choram”.

[2] Holocausto [gr. Holókauston], originalmente, significava o "sacrifício em que a vítima – um animal - era queimada inteira", tendo assim um sentido de imolação ou expiação. No período nazista, entre 1935 e 1945, os judeus se viram diante de um novo holocausto, sendo obrigados à perda da cidadania, a trabalhos forçados, a suportarem a brutal separação dos membros da família inclusive de crianças, a serem fuzilados em massa, a serem transportados pela força para os campos de concentração onde terminavam sendo exterminados coletivamente em câmaras de gás. Durante o holocausto, cerca de 6 milhões de judeus foram assassinados para cumprir o que os nazistas chamavam de ‘solução final’. Alguns analistas entendem que o emprego da palavra holocausto teve o intuito de significar mais que a palavra ‘genocídio’. C. Lash (1990), por exemplo, argumenta que “o massacre dos judeus tornou-se holocausto porque a palavra “genocídio”, numa época genocida havia perdido a capacidade de evocar os sentimentos apropriados aos fatos que procurava caracterizar. Ao buscar uma linguagem ainda mais extrema, os historiadores do holocausto contribuíram para a degradação do “genocídio” (...). Contra os poloneses e outros povos cativos da Europa oriental, Hitler praticou o que pode ser denominado de genocídio, de acordo com Y. Bauer (...). [isto é, a política nazista assassinou sistematicamente judeus, e, também, comunistas, homossexuais, ciganos, Testemunhas de Jeová, e todos as pessoas consideras pelos nazistas como ‘inferiores’. No entanto], “é preciso alertar que somente os judeus experimentaram um holocausto” (LASH, 91). Portanto, mais do que o genocídio, a palavra holocausto passou a ser empregada com o sentido de extermínio em massa racionalizado e insano dos judeus, coisa que era “impensável” até acontecer de fato como o maior acontecimento trágico do século 20.

[3] Ver nosso artigo disponível em: n. 45, em fevereiro/2005.

O ‘Genocídio’ [do latim genus = família, raça, tronco, do grego genos e caedere = matar, cortar] é uma palavra cunhada por Raphael Lemkin em 1944 para especificamente se referir à política do governo nazista de extermínio completo dos judeus, ciganos, comunistas e homossexuais. Até então a humanidade não tinha sofrido nada igual; nunca o crime foi imaginado, racionalmente planejado e executado pelo Estado, em proporções gigantescas. O crime de genocídio constituiu uma das acusações contra os líderes nazistas no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg em 1944, e, posteriormente, passou a vigorar na ONU sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (UNGC), que entrou em vigor em 1951, mas até hoje raras vezes foi aplicado. Lemkin imaginava que a palavra genocídio poderia evocar nas pessoas uma atitude de repulsa ao crime de massa e de luta pelos direitos humanos. A rigor, o genocídio é definido como “crime contra a humanidade, que consiste em cometer, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, qualquer dos seguintes atos: I) matar membros do grupo; II) causar-lhes lesão grave à integridade física ou mental; III) submeter o grupo a condições de existência capazes de destruí-lo fisicamente, no todo ou em parte...”. (Dic. Aurélio). Também é considerado genocídio, a interdição da reprodução biológica e social de membros de grupos étnicos, bem como também a prática de terror contra supostos inimigos reais ou potenciais. O Brasil regula e define o genocídio pela Lei no. 2. 889, de 1º. de outubro de 1956. A Lei no. 8.072, de 25-07-1990, o considera como “crime hediondo” e, como tal, insustentável de anistia, graça, indulto, fiança e liberdade provisória.

[4] Na verdade, esse “coletivo” tem duas faces: a cultura dos professores da escola e a estrutura técnico-burocrática que orienta o funcionamento da escola. Os programas de formação continuada dos professores, por exemplo, até agora não problematizam sobre a necessidade de mudar (reformar ou revolucionar) o modelo de ensino da escola e sua cultura específica. Para uma análise sobre os programas de formação continuada dos professores, ver: REBELLO DE SOUZA, Denise Trento. Formação continuada dos professores e fracasso escolar: problematizando o argumento da incompetência. In: rev. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n3, p.477-492, set./dez.2006.

[5] Sobre a incompreensão na leitura, ler nosso artigo nessa revista www.espacoacademico.com.br (ver “arquivo do autor”).

O filme “Escritores da Liberdade” e a função do pensamento em Hannah Arendt
por Raymundo de Lima

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