terça-feira, 24 de maio de 2011
Agora (Alexandria) - a história da filósofa Hipátia
Agora é o título de um filme espanhol dirigido por Alejandro Amenábar, lançado na Espanha, em 9out2009. O filme é estrelado por Rachel Weisz e Max Minghela e relata a história da filósofa Hipátia, que viveu em Alexandria, no Egito, entre os anos 355 e 415, época da dominação romana. Durante o relato, a história apresenta uma licença romântica, incluindo uma ligação entre Hipátia e um de seus escravos. O filme relata a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito entre os anos 355 e 415 da nossa era. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Resultante de uma cultura iniciada com Alexandre Magno, passando depois pela dominação romana, Alexandria é agitada por ideais religiosos diversos: o cristianismo, que passou de religião intolerada para religião intolerante, convive com o judaísmo e a cultura greco-romana. Hipátia tem entre seus alunos Orestes, que a ama, sem ser correspondido, e Sinésius, adepto do cristianismo. Seu escravo Davus também a ama, secretamente. Hipátia não deseja casar-se, mas se dedica unicamente ao estudo, à filosofia, matemática, astronomia, e sua principal preocupação, no relato do filme, é com o movimento da terra em torno do sol. Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderam, aos poucos, da situação, e enquanto Orestes se torna prefeito e se mantém fiel ao seu amor, o ex-escravo Davus (que recebeu a alforria de Hipátia) se debate entre a fé cristã e a paixão. O líder cristão Cyril domina a cidade e encontra na ligação entre Orestes e Hipátia o ponto de fragilidade do poder romano, iniciando uma campanha de enfraquecimento da influência de Hipátia sobre o prefeito, usando as escrituras sagradas para acusá-la de ateísmo e bruxaria. Além de narrar a vida e a morte de Hipátia, pode-se observar de forma nítida o conflito entre cristãos e e pagãos. De um lado temos o cristianismo, ganhando força de atuação junto ao judaísmo; do outro temos a religião politeísta Greco-romana, com a adoração de estátuas (proibida pela Bíblia)que representavam seus numerosos deuses. Por outro lado, é interessante observar como a mulher era vista. Segunda a Bíblia, "a mulher deve obediência ao homem", mas Hipátia não se permitia ser subordinada a ninguém. Por ter se recusado a se converter ao Cristianismo, foi acusada de ateísmo e bruxaria, julgada de forma vil e apedrejada. Pesquisadores ainda contam que Hipátia, foi humilhada por cristãos que queriam puni-la e mutilada após ser apedrejada.
Elenco
Rachel Weisz ... Hypatia
Max Minghella ... Davus
Oscar Isaac ... Orestes
Ashraf Barhom ... Ammonius
Michael Lonsdale ... Theon
Rupert Evans ... Synesius
Richard Durden ... Olympius
Sami Samir ... Cyril
Manuel Cauchi ... Theophilus
Homayoun Ershadi ... Aspasius
Oshri Cohen ... Medorus
Harry Borg ... Prefeito Evagrius
Charles Thake ... Hesiquius
Yousef 'Joe' Sweid ... Peter
Andre Agius ... Menino
Christopher Dingli ... Estudante
Clint Dyer ... Hierax
Wesley Ellul ... Guarda
George Harris ... Heladius
Jordan Kiziuk ... Discípulo de Hypatia
Amber Rose Revah ... Sidonia
O filme comercialmente tem 127 minutos, mas na França, pelo Festival de Cannes, apresentou-se com 141 min., co-financiado pela companhia espanhola Sogecable.
As locações foram em
Delimara, Malta
Fort Ricasoli, Kalkara, Malta
Marsaxlokk, Malta
Mdina, Malta
Valletta, Malta
O filme foi proibido no Egito pela censura, por conter cenas consideradas um insulto para a religião. O “Observatório Anti-difamação Religiosa” protestou contra o filme por "promover ódio ao cristianismo e reforçar falsos clichés sobre a Igreja Católica. O filme teve problemas de distribuição nos Estados Unidos da América e Itália.
O filme ganhou 7 Prêmios Goya, incluindo o de melhor roteiro original por Alejandro Amenabar e Mateo Gil, que fez o segundo filme mais premiado da edição do XXIV Prêmio Goya para a academia de cinema espanhol. Realizado na Espanha em 2009, foi o filme espanhol mais visto daquele ano.
Em 2010 foi indicado no Cinema Writers Circle Awards, na Espanha, para Melhor Fotografia (Xavi Giménez), Melhor Diretor (Alejandro Amenábar), Melhor Edição (Nacho Ruiz Capillas), Melhor Filme e Melhor Música (Dario Marianelli).
Em 2010 foi indicado ao Prêmio Goya de Melhor Cinematografia (Xavi Giménez), Melhor Vestuário (Gabriella Pescucci), Melhor Maquiagem e Cabelo (Jan Sewell, Suzanne Stokes-Munton), Melhor Direção Artística (Guy Dyas), Melhor Direção de Produção (José Luiz Escolar), Melhor Roteiro Original (Alejandro Amenábar e Mateo Gil), Melhores Efeitos Especiais (Chris Reynolds e Félix Bergés).
Em 2010 venceu o Prêmio Goya de Melhor Atriz (Rachel Weisz), Melhor Diretor (Alejandro Amenábar), Melhor Edição (Nacho Ruiz Capillas), Melhor Filme, Melhor Música Original (Dario Marianelli) e Melhor Som (Peter Glossop e Glenn Freemantle).
Citações sobre Hipátia
Sócrates, o Escolástico (em 'História Eclesiástica')
"Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Téon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos."
Descrição da morte de Hipátia, pelo historiador Edward Gibbon:
"Num dia fatal, na estação sagrada da Quaresma, Hipácia foi arrancada da carruagem, teve as roupas rasgadas e foi arrastada nua para a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e a horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada dos ossos com ostras afiadas, e os membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".
Carl Sagan, em "Cosmos"
"Hipátia distinguiu-se na matemática, na astronomia, na física e foi ainda responsável pela escola de filosofia neoplatônica - uma extraordinária diversificação de atividades para qualquer pessoa daquela época. Nasceu em Alexandria em 370. Numa época em que as mulheres tinham poucas oportunidades e eram tratadas como objetos, Hipátia moveu-se livremente e sem problemas nos domínios que pertenciam tradicionalmente aos homens. Segundo todos os testemunhos, era de grande beleza. Tinha muitos pretendentes mas rejeitou todas as propostas de casamento. A Alexandria do tempo de Hipátia - então desde há muito sob o domínio romano - era uma cidade onde se vivia sob grande pressão. A escravidão tinha retirado à civilização clássica a sua vitalidade, a Igreja Cristã consolidava-se e tentava dominar a influência e a cultura pagãs."
Hesíquio, o hebreu, aluno de Hipátia:
"Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la… Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade".
Trecho de uma carta de Senésio de Cirene, aluno de Hipátia:
"Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos… Quando receber notícias tuas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores".
Obras
Comentário a Aritmética de Diofanto.
Sobre as cônicas de Apolônio de Perga.
Corpus Astronômico.
Inventora do densímetro, aparelho que mede a massa específica de um líquido.
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