sexta-feira, 26 de março de 2010

Arthur Simões


Formado em Direito e ex-professor de ioga, ele passou mais de três anos viajando o mundo ao lado da sua bike.

“Como eu estava sozinho, precisava me mesclar nas culturas por uma questão até de sobrevivência. Nunca consegui falar da viagem sem falar de mim, eu era a viagem, a viagem era eu.”

“Às vezes eu não gosto até de falar… Por exemplo, acabei de conhecer alguém, não vou falar: ‘Ah, sim, dei a volta ao mundo de bicicleta’. Numa conversa dessas a pessoa já responderia: ‘Não diga! O mundo inteiro! Mas como assim?’ E geralmente o que acabo escutando é: ‘Mas você queria dizer só na Europa, né?’ E eu falo: ‘Não, os cinco continentes’. ‘Mas como assim? EUA e Europa?’ E daí fica aquela complicação. É por vivermos numa sociedade de valores invertidos, que não valoriza uma pessoa pelo que ela fez e pelo que ela prega, por mais elevados que esses valores que ela divulga, mas pelo que ela tem. E como é lógico, de toda viagem você volta quebrado, as pessoas olham e falam: ‘Pô, esse cara fez algo incrível, mas ele está quebrado, então não o negócio não foi bom’. Agora, se eu tivesse voltado com um milhão de dólares, eu teria convencido muito mais gente, diriam que o segredo da vida é dar a volta ao mundo de bicicleta [risos].”

“Eu posso dizer que em questão de adaptação fiquei bom, viu? Se você cruzou uma fronteira, já sente uma mudança muito grande. E quando voltei para cá vi muita coisa que não tinha mudado muito de lugar. Mais do que isso, eu passei a olhar as coisas de um jeito completamente diferente – pois eu havia mudado de lugar. Passei por países muito mais pobres que o Brasil, com terremotos, furações, mas com uma cultura de respeito e valores mais sedimentados. Daí quando voltei para cá, me perguntei: ‘onde estão os valores dessa minha cultura?’”

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns! Sua mensagem realmente é.
Adorei!